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UM
CANÁRIO PORTUGUÊS
A origem das várias
raças de canários é mais ou menos conhecida. Sendo o canário selvagem
oriundo das ilhas Canárias, espanholas, Madeira e Açores, portuguesas, é
estranho que existam algumas variedades de canários ingleses, espanhóis,
franceses, italianos, belgas, suíças, alemãs e mesmo japonesas e
americanas, e não tenha surgido, ao longo de séculos, uma raça
portuguesa de canários.
Desde criança
Armando Moreno frequentou feiras de venda de pássaros e poude observar como os
criadores portugueses se mantinham fieis ao canário rústico, variegado, em que
o lipocromo e o melânico se fundem, muito antes de as organizações
internacionais estabeleceram a rígida divisão entre melânicos e
lipocromos que é, naturalmente, uma divisão artificial, embora lógica e
aceitável.
As aves
variegadas eram de dois tipos: ou amarelo e verde ou cinza e branco. Nos últimos
15 anos tem observado o aparecimento nessas feiras de aves portadoras de uma
mistura do cinza com o laranja, o bronze, o branco, o amarelo, aves de uma
grande beleza e estrutura de corpo, viveza de expressão e alegria de
canto, além de uma rusticidade elevada.
Decidiu, por
isso, cultivar este tipo de canários. O exame cuidadoso permitiu-lhe observar a
existência, além destas cores, do castanho do dorso, que não toma
a cor de fundo laranja, e os bastonetes negros. Assim, estes animais possuem um
total de 6 cores.
Generalidades
O canário
Arlequim Português é, essencialmente, um canário de desenho, polícromo,
vivo, rústico, alegre, que mantém a tradição da variedade de desenho,
que existiu sempre nos ancestrais criados pelos passarinheiros. No caso de vir a
ser aprovado pela COM creio que deverá ser incluído numa secção próxima
do Lizard, mas a decisão final terá de ser do Clube de Juizes.
As exigências
dos concursos e o desejo de dar origem a raças sofisticadas, quer no porte,
quer no canto, quer na cor, conduziu ao desaparecimento do canário vivo e
alegre que se criava entre os amantes do animal em si e que cativava as pessoas
em geral que desejavam apenas ter em sua casa um canário para cantar.
Muitos dos
animais altamente classificados dos dias de hoje são pássaros tristes,
deformados, diríamos quase estropiados, quando não votados ao
enclausuramento em gaiolas minúsculas, vivendo no escuro, o que conduz ao canto
dito suave que, na verdade, mais parece um canto triste. Em reacção a
esta situação, os criadores espanhóis seleccionaram o Timbrado, de
canto vibrante, mas não atenderam, neste canário, à plumagem.
É curioso
observar como algumas raças de canários deixam transparecer de modo
significativo o carácter das populações que os criaram: O Frizado
Parisiense parece conter em si uma bailarina de Can-Can. Por sua vez o Yorkshire
representa a distinção do lord inglês. Ao alemão
assemelha-se o canário do Harz, resultado de uma disciplina rigorosa, assumida
em escolas alinhadas, como os elementos de um exército. O Timbrado reflecte o
folclore espanhol, com as suas castanholas.
Em
Portugal, mercê das características da população, rústica, avêssa
a racismos e, ao contrário, mais dada a fusão das raças, criou-se um
canário de cores múltiplas, vivo, alegre. É o Canário Arlequim Portugês.
Deve
notar-se que esta raça permite uma variedade de desenhos que tornam a sua criação
fascinante pelo imprevisto e impede a monotonia que outras raças de cor
imprimem às exposições onde são apresentadas centenas de
aves todas iguais, com pequenas diferenças, só reconhecíveis por
especialistas.
Daniel Gonçalves
Clube
do Canário Arlequim Português
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