A raiva é um virus que afecta o
homem além dos animais ? Embora erradicada em Portugal a sua vacinação
é obrigatória O periodo de incubação anterior aos sinais
clinicos é muito variável e ataca rápidamente o sistema nervoso do animal.
É
uma doença infecciosa de evolução aguda, causada por um vírus, quase
sempre mortal, que se manifesta entre os animais por transtornos do
conhecimento, aumento da excitabilidade nervosa e sintomas paralíticos.
Transmite-se entre os animais, quase sempre atraves da mordedura ou contaminação
de ferimentos por saliva de animais doentes do mal. O vírus está contido em
alta concentração na saliva, e demais excreções e secreções
dos animais acometidos da doença, além de também no sangue.
São susceptíveis de contrai-la os animais mamíferos em geral, porém
mais de 80% dos casos assinalados pela literatura médica são carnívoros,
e em especial o cão doméstico. Interessante assinalar-se que o sintoma
da fobia à água somente ocorre no homem quando acometido da moléstia,
portanto o termo hidrofobia deve ser reservado exclusivamente ao homo sapiens.
Foram os pesquisadores franceses, Louis Pasteur, Roux e Chanberlain, o primeiro
químico, os dois seguintes médicos, auxiliados ainda pelo veterinário também
francês Thuilier, que após exaustivas experiências, conseguiram o
primeiro método eficiente para seu combate, através da vacinação pelos
mesmos idealizada, e evidenciaram seu caracter infecto-contagioso, além de sua
etiologia virica.
A doença pode também acometer os animais herbívoros, como o boi, o cavalo, a
ovelha, a cabra, sendo que nos ruminantes como os bovinos, os sintomas são
predominantemente paralíticos.
A raiva quando declarada em um animal, assim como no homem não tem cura,
culminando sempre com a morte, após período breve de evolução e
sintomatologia que impressiona sobremaneira.
Para evitar-se a doença, ou seja, como medida profilática, a vacinação
dos animais susceptíveis, principalmente de cães e gatos, é a medida básica
No caso do homem, somente é indicada a vacinação como medida terapêutica,
em caso do mesmo haver sido exposto à mordedura ou contacto com animais
suspeitos de raiva, ou tenha se contaminado acidentalmente, e nestes casos, a
urgência da vacinação é de suma importância, assim como número
de doses da vacina proporcional à gravidade do caso, o que o médico
assistente deve julgar e prescrever, segundo o caso em si.
Países como Portugal praticamente conseguiram erradicar de seus territórios
o mal, a traves de campanhas de vacinação em massa dos animais susceptíveis
de se contaminarem.
O diagnóstico da doença é inicialmente feito pelos sintomas manifestados
pelos animais que adoecem quando contaminados pelo vírus; Inicialmente
apresentam esses animais alteração de seu comportamento, procurando
locais escuros para se abrigarem, já que existe a chamada fotofobia, o que é
sua causa determinante; Deixam de se alimentar e beber água e mesmo de
atenderem ao chamado quando instados pelos donos. Com o evoluir da doença que
é extremamente rápido, quando se trata de animais das espécies carnívoras,
como cães, quase sempre ocorre em seguida a chamada fase prodrómica, em
que esses animais fogem de casa passando a vagarem pelas ruas, quando então
passam a ser perseguidos por outros cães vadios, os quais são
mordidos pelo animal com raiva, que assim agem como meio de defesa, e a través
dessa mordida contaminam novos cães de rua, dando continuidade a doença.
Em seguida evolui a doença para a chamada fase paralítica, em que não
podendo mais se locomoverem podem tanto morrerem atropelados por automóveis nas
ruas, ou mesmo sucumbirem em decúbito pelo próprio evoluir da doença.
Ocorrendo a chamada paralisia do maxilar, sintoma quase sempre presente, não
conseguindo fecharem a boca passam a babar copiosamente, o que chama a atenção
do observador atento sendo mesmo sintoma da raiva guardado na memória popular.
O latido do cão com raiva torna-se característico, sendo emitido num
duplo tom o que permite o diagnóstico da doença pelo simples ouvir desse
latido. Quem teve oportunidade de ouvi-lo uma única vez não o esquecerá
jamais. Como já mencionado, é a saliva o principal veículo de transmissão
da doença, já que nela o vírus encontra-se concentrado, porém outras secreções
como a urina, fezes e até o sangue são também contagiantes para outros
animais ou pessoas.
Existem vacinas anti-rábicas apropriadas para cada espécie animal, e das mais
variadas técnicas de fabricação, desde a antiga vacina Pasteuriana,
preparada pela dessecação de medulas de animais inoculados com o vírus,
até as mais modernas obtidas por técnicas especiais, quando o vírus é
cultivado em meios vivos, como ovos embrionados de galinha, neste caso
denominadas vacinas avinizadas, e até em cultivos de células de rim de porco
ou de hamster.
O vírus encontrado quando isolado de um animal doente, é denominado de vírus
de rua, e é altamente infectante (virulento); Já aquele cultivado em laboratório,
e inactivado em sua patogenicidade e virulência, por sucessivas passagens
em meios de cultura próprios, e por repiques diretos no meio em que é
cultivado, é denominado vírus fixo. É este último o utilizado no preparo de
vacinas, pelo fato de perder sua virulência e patogenicidade, conservando
não obstante sua capacidade antigênica, qualidade esta última que
é a visada na vacina, por ser a responsável pelo estímulo formador de
anticorpos pelo organismo no qual for inoculada.
Dependentemente
da técnica empregada no preparo dessa vacina anti-rábica, poderá a mesma dar
imunidade por um ou dois anos, aos animais em que venha a ser inoculada. Existem
vacinas para serem aplicadas em cães, assim como em gatos, bovinos ou eqüinos
e outros animais susceptíveis, devendo por essa circunstância serem procuradas
e selecionadas de acordo com a espécie animal a ser imunizada. Como advertência
final devo frisar não ser a Raiva doença curavel quando já declarada,
assim os meios profiláticos existentes de vacinação, são apenas
preventivos e não curativos. Mesmo o homem quando mordido por um cão
suspeito de estar com raiva, essa vacinação subsequente deve ser
efectuada o mais rapidamente possível, a fim de possibilitar que o organismo
humano fabrique sob o estímulo da vacina os anticorpos necessários a deterem a
propagação do vírus em sentido ao cérebro, e antes que isto tenha
tempo de ocorrer, já que essa propagação do vírus é em sentido centrípeto
para o cérebro e lenta porque efectuada pelos nervos da região que se
deu a mordida, ou foi lesada por esse traumatismo.
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